Noticias do mundo Da Musica

Noticias do mundo Da Musica

Drogas e música eletrônica: até quando farão esta equivocada associação?

 

 
Não é de hoje que o uso indiscriminado de drogas é associado às baladas eletrônicas. Governos de alguns Estados como o Rio de Janeiro e Santa Catarina chegaram inclusive a proibir a realização das raves, alegando que aquele era um território livre para a prática de atos ilícitos. A grande quantidade de ecstasy apreendida no país nos cinco primeiros meses do ano (mais de 10 mil comprimidos) também chamou atenção das autoridades e da imprensa, gerando repercussão em vários veículos de circulação nacional. 

Só para citar os casos mais recentes, a Rede Record exibiu em março uma matéria gravada durante o Carnaval, em uma das várias raves que aconteceram no período. O VT apelava para imagens de pessoas passando mal, outras fumando maconha (ou seria cigarro comum?), outras usando um simples vick-vaporub enquanto o repórter narrava o drama do viciado em cocaína, que cheirava mais um pouco da sua droga. 

Na semana passada, Hebe Camargo soltou comentários bem impertinentes a respeito da cena eletrônica. Por sorte, ela tinha em seu grupo de convidados a inteligente Marília Gabriela, que defendeu as festas como ninguém. Terminou sua defesa afirmando que “as raves são legais sim”. Ela sabe do que fala. 

Na última edição da Veja, a reportagem intitulada “A perigosa balada do ecstasy” trouxe, inclusive, um “ranking” das casas noturnas e festas de São Paulo onde a droga se faz presente. Chegou a citar nomes de clubes e eventos de renome, que empregam pessoas, geram divisas e pagam impostos.

Não estamos aqui para fazer apologia ao uso de drogas, pelo contrário: é óbvio que qualquer iniciativa no sentido de alertar a população ou mesmo coibir o uso dessas substâncias é louvável. O errado é fazer associações tão infantis e infundadas como esta. Já foi a época em que a cocaína era associada aos roqueiros, que o ácido era associado aos hippies, que a maconha era associada aos amantes do reggae. Todos nós sabemos que hoje as drogas estão por todos os lados e não é o estilo musical ou a balada que define o seu uso. 

A Circuito, uma das empresas citadas na matéria, soltou um comunicado respondendo à matéria publicada na revista Veja. Como a publicação não se deu ao trabalho de ouvir os dois lados da história, nós achamos por bem divulgar a carta na íntegra. 

CIRCUITO RESPONDE À VEJA

Em sua edição de 25 de maio, a revista "Veja São Paulo" publicou a reportagem "A perigosa balada do ecstasy", assinada por Rodrigo Brancatelli e Ricardo Moreno, sobre a crescente apreensão de comprimidos de ecstasy em raves e clubes da cidade.

A Circuito apóia toda e qualquer iniciativa de nossa imprensa no sentido de denunciar o tráfico de drogas e informar a população sobre os malefícios do uso de entorpecentes. 

É uma pena, no entanto, que os repórteres de "Veja" não tenham se dado ao trabalho de entrevistar algumas das pessoas mais prejudicadas nessa velha briga entre policiais e traficantes: os donos de clubes e festas. Em sete páginas de reportagem, não há uma declaração sequer de nenhum promotor ou dono de casa noturna. 

Pior: a reportagem dá a entender que existe uma conivência das casas noturnas e festas com os criminosos. E isso é inaceitável. 

A Circuito é citada diretamente na reportagem. Em determinado trecho, um suposto traficante diz: “Em danceterias como The Week, D-Edge, Manga Rosa e Ultralounge, vendo de 20 a 50 comprimidos por noite (...). Em raves como a Circuito e a SP Groove forneço até 100 comprimidos por noite, cada um por 40 reais”. 

Quem lê isso tem a nítida impressão de que festas e casas noturnas são territórios livres para a ação desses criminosos. Em nenhum momento, a revista procurou ouvir o outro lado, para saber o que os donos de festas estão fazendo para coibir a ação de criminosos em seus eventos. Ao recusar-se a entrevistar os donos de clubes e casas, “Veja” pratica um jornalismo tendencioso e de má qualidade. 

A Circuito repudia essa visão distorcida da realidade. 

A Circuito é uma empresa com quase quatro anos de vida. Nós pagamos impostos e geramos empregos. Somando todas as pessoas que trabalharam em nossa mais recente festa - entre promotores, divulgadores, seguranças, pessoal de limpeza, DJs, etc. - geramos mais de 250 empregos diretos. Não admitimos ser tratados como bandidos ou como cúmplices da ilegalidade. 

Infelizmente, as drogas estão presentes em toda a nossa sociedade - em casas noturnas, pagodes, forrós, escolas de samba, estádios de futebol e redações de revistas. A Circuito acredita que as autoridades devem agir energicamente para coibir o uso e venda de drogas. E acreditamos que todos nós - incluindo festas e casas noturnas - precisam ser ouvidos. Só assim, com o apoio e participação de toda a sociedade, poderemos combater esse problema.